top of page
Buscar

Terra Delas, de Charlotte Perkins Gilman

  • Foto do escritor: Rosa Azevedo
    Rosa Azevedo
  • 4 de out. de 2024
  • 2 min de leitura

Saiu recentemente nova edição do brilhante livro de Charlotte Perkins Gilman, Terra Delas, nos Penguin Clássicos, depois de uma edição pela Sibila, disponível há já algum tempo.



Este livro traz-nos uma utopia (com alguns traços distópicos discutíveis no final do livro) feminista. Conta a história de uma comunidade matriarcal, há dois milénios composta apenas por mulheres que se reproduziam através da partogénese, presente também em algumas espécies na natureza. Cada mulher dava à luz cinco filhas e a partir daí as mulheres foram-se multiplicando. O mais interessante nesta história é que aquilo que três homens vão encontrar quando decidem procurar esta comunidade é um mundo perfeito, com uma sociedade totalmente equilibrada, harmoniosa mas que podemos facilmente perceber que não é por serem só mulheres (se acreditamos que a socialização do nosso género é fruto de um sistema patriarcal e não se define por critérios meramente biológicos então seria estranho afirmar que o mundo perfeito deste livro vinha do facto de se ter excluído o género masculino) mas por terem conseguido, desde o primeiro momento, por opção das primeiras “mães”, abolir qualquer espécie de hierarquia e de poder. É na ausência do poder que poderemos encontrar a nossa utopia.



Este livro é um livro imenso, junta teorias naturalistas, defende uma política de maternidade social e partilhada (“é preciso uma aldeia…”), mostra que a dieta vegetariana é ela própria um combate à exploração do outro, defende o tratamento horizontal de humanos, animais e natureza, afirma a possibilidade de um sistema político sem classes. Ao mesmo tempo, de forma mais escondida, mostra os perigos de querermos e podermos controlar a nossa sociedade abolindo a diferença, definindo um conceito de normalidade.



Tudo isto em 1915.


Com edição de Eurídice Gomes para os Penguin Clássicos, tradução de Madalena Caramona (Caixa Alta) revisão de Rita Almeida Simões e prefácio de Tânia Ganho (um leque de grandes mulheres). Junta um outro livro, Papel de Parede Amarelo, um livro de que falarei numa próxima vez.



 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
EUPL 2025

Aconteceu no passado dia 16 de Maio, em Praga, a entrega do Prémio Europeu de Literatura a Nicoletta Verna e ao seu livro I Giorni di...

 
 
 
Tempos sombrios

Em tempos como estes, sombrios, temos de começar já a agir, abrir portas para nos encontrarmos em diálogo, reflexão e luta. Tem de ser...

 
 
 

Comments


bottom of page